
Vamos falar sobre um sintoma que começa de forma sutil na perimenopausa e pode se intensificar bastante na menopausa: o nevoeiro mental, ou brain fog.
Não é fácil descrever essa sensação com precisão, mas quem passa por ela sabe bem como é: dificuldade de concentração, esquecimentos, raciocínio mais lento, confusão leve, cansaço mental e, em alguns momentos, até dor de cabeça e nos olhos.
Eu mesma, desde que entrei na perimenopausa, venho sentindo esses efeitos no meu dia a dia. E apesar de terem melhorado depois que iniciei a Reposição Hormonal (TRH), ainda percebo que meu cérebro não funciona exatamente como antes.
Mas o mais importante: isso tem explicação científica. E entender o que está por trás desse sintoma ajuda muito a tirar o peso da culpa ou da autocrítica.
O que está por trás do brain fog na menopausa?
Durante a perimenopausa, os níveis de estrogênio começam a oscilar — e essa instabilidade afeta diretamente o cérebro. Já na menopausa, quando os níveis se estabilizam em patamares mais baixos, os efeitos tendem a se intensificar.
O estrogênio não atua apenas no sistema reprodutor. Ele tem papel essencial no funcionamento cerebral, especialmente no hipocampo e no córtex pré-frontal — áreas ligadas à memória, atenção, clareza mental e tomada de decisões.
Com a queda do estrogênio, o cérebro sofre várias alterações:
- Redução na captação de glicose pelos neurônios, o que prejudica o fornecimento de energia.
- Diminuição da plasticidade cerebral, dificultando a aprendizagem e adaptação a novos estímulos.
- Desequilíbrio na produção de neurotransmissores, como dopamina, serotonina e acetilcolina, que influenciam memória, motivação e humor.
Ou seja, o brain fog é real, tem base fisiológica e não deve ser ignorado.
O que a ciência já mostra que pode ajudar?
1. Alimentação direcionada à saúde cerebral
Nutrientes como ômega-3 (DHA), colina, antioxidantes e polifenóis ajudam a preservar a integridade dos neurônios e a comunicação entre eles.
Exemplos práticos:
- Ômega-3 DHA: salmão selvagem, sardinha, óleo de algas
- Colina: ovos, brócolis, couve-flor
- Antioxidantes: frutas vermelhas, uvas roxas, chá verde
- Polifenóis: cacau puro, azeite de oliva extravirgem, cúrcuma com pimenta-do-reino
2. Movimento regular
Atividade física aumenta o BDNF (fator neurotrófico derivado do cérebro), essencial para a regeneração neuronal e para a clareza mental.
3. Sono profundo e reparador
O sono é o momento em que o cérebro se “limpa” de toxinas e consolida memórias. Dormir mal agrava diretamente os sintomas de nevoeiro mental.
4. Saúde intestinal e hepática equilibradas
Um intestino em disbiose ou um fígado sobrecarregado afetam diretamente a produção e metabolização de neurotransmissores e hormônios cerebrais.
5. Reposição hormonal individualizada (TRH)
Quando indicada adequadamente e iniciada no tempo certo, a TRH pode apoiar diretamente a função cognitiva. Diversos estudos mostram que ela tem potencial para reduzir o risco de declínio mental quando usada de forma segura e supervisionada.
Em resumo, o nevoeiro mental é uma resposta do corpo tentando se adaptar a uma nova fase hormonal. Não é frescura, preguiça nem falha pessoal. E embora eu também esteja atravessando esse desafio, sigo fazendo ajustes e encontrando novas formas de apoiar meu cérebro — e é isso que compartilho com você aqui: caminhos reais e baseados na ciência para atravessarmos essa fase com mais clareza e presença.