Você já parou para pensar que o que estamos vivendo hoje é o resultado não só de nossas grandes escolhas do passado, mas principalmente de todas as nossas pequenas e corriqueiras decisões do dia-a-dia?
Nós não pensamos muito sobre como nossas pequenas atitudes podem afetar nossa vida, mas a verdade é que elas estão diretamente ligadas à nossa habilidade de nos sentirmos bem com nós mesmos, independentemente do que acontece ao nosso redor.
Nossa vida é cheia de circunstâncias que estão fora de nosso controle e que não temos como mudar. Por outro lado, existem vários outros tantos aspectos que estão sob nosso poder de decisão em nosso dia-a-dia mas que, muitas vezes, seguimos um padrão automático de decisões, sem nem ao menos pensar que existe uma outra alternativa.
Deixe-me dar um exemplo para que isso fique mais claro: se eu te falasse algo ofensivo agora e você ficasse ressentida, você tomou a decisão (mesmo que automática e inconsciente) de se sentir ofendida. Da mesma forma, se eu te elogiar e você ficar envaidecida, a decisão de se envaidecer foi sua, mesmo que tenha sido automática.
Seguindo a mesma ótica, eu poderia ter te ofendido fazendo exatamente a mesma coisa e você poderia ter ESCOLHIDO não se sentir magoada. Ou também, eu poderia ter te feito o mesmo elogio e você poderia ter DECIDIDO não “ficar se achando” e seguir normalmente o seu dia.
Na prática, para que serve essa reflexão? Ela serve para exemplificar o quanto não percebemos que sempre existe um poder de escolha por trás de cada pequena situação que acontece em nosso dia-a-dia.
E também para entendermos que, se não temos controle sobre as circunstâncias externas ou sobre as atitudes das outras pessoas, só cabe a nós mudarmos a nossa forma de encarar cada situação negativa, seja ela grande ou pequena, se quisermos nos sentir mais felizes e realizados.
Você já escutou a frase "ser feliz é uma escolha?” Se já a escutou, então você já deve ter se perguntado (assim como eu): então por que parece ser tão complicado?
O problema é que normalmente não estamos acostumados a refletir sobre como podemos treinar nossa mente a criar novos padrões positivos de pensamentos e o quanto eles podem nos ajudar.
E como podemos fazer isso em nosso dia-a-dia?
De forma simplificada, através do exercício da presença plena.
Treinar nossa mente a estar conectada com o momento presente é a peça chave para sairmos de nossos padrões automáticos de reações e pensamentos. É a base que temos que construir quando queremos estar mais atentos a novas possibilidades, principalmente quando queremos desenvolver o hábito de olhar as situações de nossa vida com uma visão mais positiva e otimista.
Vou dividir aqui os exercícios práticos que eu apliquei em minha rotina e que me ajudaram muito a mudar minha tendência automática tanto de pensamentos quanto de reações às situações externas que estão fora de meu controle.
1- Passei a colocar a “presença plena” no máximo possível de coisas corriqueiras que eu fazia no meu dia. Ou seja, se eu estiver fazendo exercícios, eu vou me focar naquela atividade e não no que tenho que fazer na sequência. Se eu estiver comendo, eu me proponho a apreciar meu alimento, seus sabores e texturas. Se eu estiver dirigindo, vou prestar atenção no caminho, nas paisagens e nas suas cores. Tudo isso para treinar a minha mente a se focar no momento presente ao invés de seguir a tendência automática de se preocupar com o futuro ou tentar resolver algum problema do passado.
2- Passei a intensificar minha meditação matinal para treinar a minha mente a estar mais serena, conseguir ficar livre de pensamentos temporariamente e a saber retornar ao seu foco inicial sem julgamentos. Para quem ainda não tem o costume de meditar, existem exercícios de respiração abdominal que são simples, super fáceis de serem aprendidos e que também possuem o mesmo efeito de treinar a mente a se acalmar e a ficar livre de pensamentos.
3- Passei a escrever consistentemente em um diário logo pela manhã (5 minutos são suficientes se você não tiver mais tempo) sobre como eu gostaria de me sentir naquele determinado dia. Por exemplo: Hoje eu decido me sentir mais leve com relação à minha rotina, independentemente do que aconteça. Hoje eu decido me sentir mais calma com as demandas do meu trabalho. Hoje eu decido me sentir agradecida por ter um teto e uma cama quentinha para descansar. Hoje eu decido prestar atenção aos sinais da minha fome e me conectar mais com eles. Hoje eu decido parar para pensar sobre o lado positivo de algum problema e a refletir se eu tenho algo a aprender com ele. Hoje eu decido ser gentil comigo mesma, mesmo que eu não consiga cumprir tudo o que eu programei. Hoje eu decido baixar as minhas expectativas com relação às atitudes dos meus filhos e entender que eles também estão em um caminho de evolução. Hoje eu decido NÃO esperar que os outros adivinhem os meus pensamentos e o que eu quero e decido comunicar minhas necessidades mais abertamente. Hoje eu decido me libertar do julgamento dos outros e me sentir feliz comigo mesma pelo simples fato de estar tentando ser uma pessoa melhor. E por aí vai…
Enfim, qualquer processo de auto-conhecimento para entendermos as nossas reais necessidades e nossos padrões de pensamentos não é simples e requer esforço. Contudo, entender que não somos vítimas das circunstâncias de nossa vida e que temos o poder de mudar como queremos nos sentir frente a cada situação que está fora de nosso controle, nos gera uma recompensa que não tem preço. Sentirmos que temos o real poder sobre o curso de nossas vidas é o ponto principal para alcançarmos o nosso tão desejado equilíbrio.